
O Selo coletivo nasce por volta de 2009, dentro do curso de Licenciatura em Artes Visuais do (à época) CEFETE, “de uma amizade e de um desejo de ir pra rua”¹, em um contexto de poucos equipamentos culturais em Fortaleza, um cenário onde era difícil pensar meios de escoar a produção artística.
Instigadas por uma experiência de oficina de arte urbana com o Acidum, Ceci Shiki, Bruna Beserra, Juliana Chagas e Camila Alves começaram a ir às ruas para intervir, geralmente com o suporte do lambe-lambe (de onde nasce o nome Selo Coletivo, selo de carta que se lambe). Pouco tempo depois juntou-se ao bando Teresa Dequinta, e o Selo se constituiu como espaço de potencializar a criação dessas mulheres, que se encontravam periodicamente e descobriam nesses encontros inspiração pra desenhar e se investigar cada vez mais enquanto artistas, estudando, trocando percepções, jogando conversa fora (ou dentro), indo à rua, criando nos muros, com suas estéticas muito próprias e particulares, sobre as quais se pode arriscar dizer que o único fio que as unia enquanto ‘estética coletiva’ era notadamente a vivacidade das cores e dos desenhos, algo de curvo e não-humano, uma aparência artesanal e sem tantas texturas.

De uma necessidade geral dos artistas de Fortaleza de escoar suas produções e de uma necessidade particular dessas meninas de encontrar meios de se sustentar financeiramente através da arte, surgiu a ideia de produzir e fazer curadorias de exposições, e assim elas atuaram por bastante tempo, escrevendo editais e realizando mostras e exposições. Uma das mais significativas foi a Tudo ao Mesmo Tempo, que aconteceu no CCBNB em duas edições.
Mais ou menos em 2011, Teresa sai do Selo e passa a integrar o Acidum, e algum tempo depois, em 2016, o coletivo se desmancha. Ceci e Bruna continuam em contato e trabalhando juntas, e em 2019, na ocasião da segunda Semana de Arte Urbana do Benfica, elas reassumem o nome Selo Coletivo, com uma ação que propõe caminhar com habitantes do bairro e depois elaborar pôsteres com frases que foram ditas nessas caminhadas pra colar nos muros.
Dessa forma, numa prática artística sempre fortemente relacional, o Selo resiste ao tempo e permanece em atividade, num trabalho que transita entre vários suportes e meios, como o lambe-lambe, o grafite, a instalação, a produção, a curadoria, e o que mais se apresentar como possível.

